segunda-feira, 11 de novembro de 2019

39. CONTRIBUIÇÃO PARA CONSTRUÇÃO DA PONTE SANTOS - GUARUJÁ

             Acesso sobre a arrebentação com declividade de 6 a 9% (DNIT)


             Apoio dos estais de um só lado.

             Vários acessos possíveis e pedágio em local estratégico fora do transito.



Há muito tempo fala-se em construir uma ponte entre Santos e Guarujá para facilitar a circulação de veículos entre as cidades.  Hoje a travessia do canal é feita por um serviço de balsas e, às vezes, devido ao número de utentes a neblina ou passagem de navios, chega-se a ficar duas horas na fila.

Em 1974 eu tinha uma pequena construtora e um jornalista, amigo do irmão do presidente Geisel, me ofereceu a oportunidade de construir essa ponte. Não aceitei por motivos que agora são irrelevantes entretanto, na época, cheguei a pensar sobre a localização e como poderia ser feita.

Passados 44 anos e ainda sem uma ponte,  a utilização das balsas se tornou mais complicada especialmente por ocasião das temporadas, fins de semana e feriados, mas também em dias comuns tendo em vista que muitos santistas trabalham no Guarujá e vice versa. Também os serviços médicos e  as escolas de Santos são bastante utilizados pelos munícipes de Guarujá que ficam por vezes duas horas na fila da balsa.

Nos últimos anos a cada eleição para o governo do Estado de São Paulo aparece o candidato à governança abraçado a um projeto para fazer a ponte ou túnel. Promessas são feitas para obter votos dos eleitores de Santos e Guarujá que sofrem com o gargalo da travessia.

          FOTO 1

Essencialmente existem hoje três projetos. O mais antigo, do meu amigo arquiteto Dagoberto, que já não está entre nós,  foto 1, prevê a construção de uma ponte nas imediações onde atualmente atracam as balsas. Nesse projeto para se atingir a altura prevista de oitenta metros utiliza-se, de um lado e do outro, rampas circulares de concreto armado a semelhança das existentes em alguns shoppings, porém com diâmetros maiores. O projeto é muito bonito e daria um destaque às cidades.

            FOTO 2

O segundo projeto cantado em prosa e verso (foto 2) prevê a construção de um túnel. Trata-se de um projeto grandioso e caro que está em stand by deste 2013.

           FOTO 3

O mais recente projeto prevê a construção de uma ponte entre a ilha Barnabé e a entrada de Santos, A foto 3 apresenta uma ponte em torno de 7 km apoiada em treliça de aço. O primeiro navio desgovernado derrubará a ponte,  Discute-se se a localização dessa travessia servirá para resolver o problema das balsas ou se beneficiará somente a concessionária da emigrantes e o trafego de caminhões.

Vejamos alguns parâmetros que teriam que ser levados em conta   para melhorar a ligação Santos-Guarujá que hoje é feito pelas balsas.

1- BALSAS.  A melhoria do serviço do transporte em balsas não resolverá o problema porque será limitado pelo crescimento da passagem de navios, pela impossibilidade de aumentar o número de atracadouros, pelo fato de que com neblina ou mar agitado as balsas não poderão funcionar e enfim por ocasionar o caos no trânsito nas duas cidades devido as filas de espera. Acrescente-se ainda que balsas não permitem o transito de ônibus. Hoje usam os serviços das balsas 28000 veículos.

2- DESAPROPRIAÇÕES.  Quaisquer sejam  as soluções apresentadas para realizar uma ligação seca entre Santos e Guarujá será necessário objetivar um mínimo de desapropriações.


3- LOCAL- A localização da obra, de preferência, não deverá conturbar sobremaneira o funcionamento do comércio local ou atravancar o transito com a passagem dos materiais necessários à construção. Todavia não poderá ser feita em local distante da atual travessia. Tal solução não desencorajaria os atuais usuários das balsas a continuar usá-las.

4- PONTE. A construção de ponte por onde transitam navios deve ser feita sem apoios onde embarcações desgovernadas possam abalroar  e sem apoios de treliças de aço alcançáveis pelas chaminés dos navios. Isto limita à duas soluções: ponte pênsil ou ponte estaiada com apoios fora da água alcançável por uma nave desgovernada.

5- PREÇO. O custo de uma obra é a coisa mais importante e muitas vezes impede sua realização. A primeira pergunta deve ser sempre; quanto custa? Por esse fundamental motivo é preciso que seja possível saber-se o custo da obra e seu prazo de execução,  É preciso, pois, ficar atento a obras  ou projetos onde as experiências são escassas e não existem parâmetros para avaliar custos e prazos. Em geral essas construções tem orçamentos super avaliados e aleatórios sofrem muitos adicionais de dinheiro e tempo de execução.

Baseado nessas premissas pode-se fazer uma avaliação dos projetos propostos  e todas as soluções tem um ou mais motivos pelos quais ainda não se decidiu iniciar as obras, entretanto o motivo principal é O CUSTO.

Comentários

Antes de mais nada é preciso decidir o que se quer. Se a idéia é resolver o problema da fila da balsa, isto é, possibilitar um transito contínuo e mais rápido para carros, ônibus e caminhões que segundo informações somam a média de 28000 veículos por dia e que hoje se utilizam das balsas, então o terceiro projeto não serve. Não irá minimamente absorver os utentes das balsas. Por isso vamos descartá-lo. Poderá ser executado mas, servirá para outra finalidade.

O projeto mais antigo cuja execução prevista é vizinho ao local dos atuais atracadouros das balsa terá sua execução sobremaneira complicada por falta de espaço. Por ali também irão circular em carretas todo o material que chegará destinado à construção. O fato de optar por um acesso à cota 80 através de rampa circular significa percorrer mais de um quilometro girando em um raio de 75 m. Entretanto trata-se de uma idéia fantástica.


O túnel seria uma boa solução, afinal já se fez até um túnel sob o canal da Mancha, entretanto existem alguns motivos que devem ser bem analisados.  Não se trata de contratar uma máquina perfuratriz como a que fez o túnel sob o Canal da Mancha em substrato seco mas construir uma base no fundo do canal lamacento para ali assentar partes do túnel pré fabricados em concreto armado e estanques, uni-los para depois estabelecer a comunicação entre eles.  Vejamos o que publicou a revista Exame em 2015.





O projeto, por enquanto não saiu do papel apesar de já estarmos em 2019, Acredito que são três os motivos que estão impedindo o prosseguimento da obra.

1. O preço completamente aleatório e no mínimo 700 milhões de dólares!
2. As incertezas durante a obra, inédita no país. inclusive pela passagem de grandes navios.
3. As desapropriações.

Na realidade essa é uma obra difícil de orçar. Por isso tanto poderá custar setecentos milhões de dólares como o dobro. E o tempo de execução é completamente aleatório.

APRESENTO UMA OUTRA SOLUÇÃO, FACTÍVEL E DE CUSTO COMPATÍVEL COM O RETORNO DO CAPITAL INVESTIDO.

Acredito que qualquer banco de investimento possa querer investir em um empreendimento que se pague em menos do que 10 anos.  A ponte abaixo foi construída na cidade de Dubrovnik, Croácia a um custo de trinta e um milhões de dólares. A ponte tem um total de 500 metros.


              FOTO 4 DUBROVNIK  CROÁCIA


              FOTO 5 GOLFO DE CORINTO, GRÉCIA. ESTAIS "SEGURAM" 300M'.

Conforme já foi dito, uma ponte sobre o canal navegável por grandes navios terá que ser ou uma ponte pênsil ou ponte estaiada. Por outro lado tanto uma como outra precisaria de algum espaço para contrabalançar o esforço dos estais ou cabos que sustentam a ponte de ambos os lados. Ora, do lado de Santos isso não é possível porque está densamente construído. Então se tivermos um local no Guarujá onde possa ser estabelecida uma torre com estais, do lado de Santos poderíamos usar vigas protendidas (foto 4) com as modificações necessárias por ser em curva.  Essa é a única dificuldade a ser solucionada porque o restante da técnica é bastante conhecida pela engenharia brasileira e fácil de orçar.


O acesso à ponte do lado de Santos sairia próximo onde hoje é a entrada da balsa mais antiga e a rampa construída sobre colunas para suportar duas pistas de três metros, se tanto, mais uma passagem para pedestres, conforme a foto 6 abaixo. Essas colunas seriam construídas sobre a arrebentação, sem invadir o espaço aéreo da avenida ou passeio. E mais, todo o material e equipamento seria disponibilizado em uma ou mais balsas atracadas que receberiam o material necessário por via navegável não atravancando, portanto, as ruas de Santos

           FOTO 6

Sem dúvida o suporte de 80 metros do lado de Santos, também construído fora da avenida seria o problema mais difícil de resolver, porem não insolúvel. Poder-se-ia ali construir um edifício de 28 andares, com piso de 1000m² comerciais, com condições de suportar as vigas de interligação com o final da ponte estaiada. Grande parte da ponte será suportada pelos estais ancorados em Guarujá. Esses mais do que 20.000m² de área comercial seria um plus para viabilizar o projeto.


            FOTO 7


O lado de Guarujá seria bem mais fácil resolver. Nos fundos do bairro Helena Maria e Santa Rosa, duas ou três ruas a partir da Av. Caiçaras dariam acesso à estrada a ser construída em área não povoada, em direção ao morro onde fica o forte da Barra. Por ai seria feita a rampa de acesso  à ponte apoiada por estais. Também aí ficaria o pedágio com espaço suficiente para não atrapalhar o transito dos bairros caso houvesse uma paralisação do tráfego.

Custo. 
Baseado no custo da ponte feita em Dubrovnik, em razão também de que toda essas construções tem uma técnica bastante utilizada no país, isto é, são de pleno conhecimento de nossa engenharia, cremos que se poderia contar com um custo em torno de TRINTA A QUARENTA milhões de dólares, isto é VINTE (20) vezes menos do que o orçamento do túnel. Significa isso que em 10 anos, no máximo, o custo do empreendimento seria resgatado!

Sérgio Di Petta
fevereiro 2019

3 comentários:

  1. Parabéns por tão importante atitude, espero que as autoridades no mínimo avaliem este projeto e o realize o mais breve possível, tamanha necessidade. Grato Sr.Sergio.

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  2. Gostei do seu projeto. Nao ha interesse politico para tal. Ouco falar dessa ponte mais ou menos 70 anos. Queria estar viva para ver esse sonho realizado. Obrigads.

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  3. Muito bom, sempre quando passo na ponta da praia tenho a impressão de ter visto esse projeto realizado. Tenho 66 anos e creio ainda poder usar esse caminho seco sobre o mar e sobre os navios. Esses governos estão vivendo no tempo da pedra, mas o povo é que tira o leite para sustentá-los.

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