Apoio dos estais de um só lado.
Vários acessos possíveis e pedágio em local estratégico fora do transito.
Há muito tempo fala-se em construir uma
ponte entre Santos e Guarujá para facilitar a circulação de veículos entre as
cidades. Hoje a travessia do canal é feita por um serviço de balsas
e, às vezes, devido ao número de utentes a neblina ou passagem de navios,
chega-se a ficar duas horas na fila.
Em 1974 eu tinha uma pequena construtora e
um jornalista, amigo do irmão do presidente Geisel, me ofereceu a oportunidade
de construir essa ponte. Não aceitei por motivos que agora são irrelevantes
entretanto, na época, cheguei a pensar sobre a localização e como poderia ser
feita.
Passados 44 anos e ainda sem uma
ponte, a utilização das balsas se tornou mais complicada
especialmente por ocasião das temporadas, fins de semana e feriados, mas também
em dias comuns tendo em vista que muitos santistas trabalham no Guarujá e vice
versa. Também os serviços médicos e as
escolas de Santos são bastante utilizados pelos munícipes de Guarujá que ficam
por vezes duas horas na fila da balsa.
Nos últimos anos a cada eleição para o
governo do Estado de São Paulo aparece o candidato à governança abraçado a um
projeto para fazer a ponte ou túnel. Promessas são feitas para obter votos dos
eleitores de Santos e Guarujá que sofrem com o gargalo da travessia.
FOTO 1
Essencialmente existem hoje três projetos.
O mais antigo, do meu amigo arquiteto Dagoberto, que já não está entre nós, foto 1, prevê a construção de uma ponte nas
imediações onde atualmente atracam as balsas. Nesse projeto para se atingir a
altura prevista de oitenta metros utiliza-se, de um lado e do outro, rampas
circulares de concreto armado a semelhança das existentes em alguns shoppings,
porém com diâmetros maiores. O projeto é muito bonito e daria um destaque às
cidades.
FOTO 2
O segundo projeto cantado em prosa e verso
(foto 2) prevê a construção de um túnel. Trata-se de um projeto grandioso e
caro que está em stand by deste 2013.
FOTO 3
O mais recente projeto prevê a construção
de uma ponte entre a ilha Barnabé e a entrada de Santos, A foto 3 apresenta uma
ponte em torno de 7 km apoiada em treliça de aço. O primeiro navio desgovernado
derrubará a ponte, Discute-se se a localização dessa travessia
servirá para resolver o problema das balsas ou se beneficiará somente a
concessionária da emigrantes e o trafego de caminhões.
Vejamos
alguns parâmetros que teriam que ser levados em conta para melhorar
a ligação Santos-Guarujá que hoje é feito pelas balsas.
1- BALSAS. A melhoria do serviço do
transporte em balsas não resolverá o problema porque será limitado pelo
crescimento da passagem de navios, pela impossibilidade de aumentar o número de
atracadouros, pelo fato de que com neblina ou mar agitado as balsas não poderão
funcionar e enfim por ocasionar o caos no trânsito nas duas cidades devido as
filas de espera. Acrescente-se ainda que balsas não permitem o transito de
ônibus. Hoje usam os serviços das balsas 28000 veículos.
2- DESAPROPRIAÇÕES. Quaisquer
sejam as soluções apresentadas para realizar uma ligação seca entre
Santos e Guarujá será necessário objetivar um mínimo de desapropriações.
3- LOCAL- A localização da obra, de
preferência, não deverá conturbar sobremaneira o funcionamento do comércio
local ou atravancar o transito com a passagem dos materiais necessários à
construção. Todavia não poderá ser feita em local distante da atual travessia.
Tal solução não desencorajaria os atuais usuários das balsas a continuar
usá-las.
4- PONTE. A construção de ponte por onde
transitam navios deve ser feita sem apoios onde embarcações desgovernadas
possam abalroar e sem apoios de treliças de aço alcançáveis pelas
chaminés dos navios. Isto limita à duas soluções: ponte pênsil ou ponte estaiada
com apoios fora da água alcançável por uma nave desgovernada.
5- PREÇO. O custo de uma obra é a coisa
mais importante e muitas vezes impede sua realização. A primeira pergunta deve ser sempre; quanto custa? Por esse
fundamental motivo é preciso que seja possível saber-se o custo da obra e seu
prazo de execução, É preciso, pois, ficar atento a obras ou
projetos onde as experiências são escassas e não existem parâmetros para
avaliar custos e prazos. Em geral essas construções tem orçamentos super
avaliados e aleatórios sofrem muitos adicionais de dinheiro e tempo de
execução.
Baseado nessas premissas pode-se fazer uma
avaliação dos projetos propostos e todas as soluções tem um ou mais
motivos pelos quais ainda não se decidiu iniciar as obras, entretanto o motivo
principal é O CUSTO.
Comentários
Antes
de mais nada é preciso decidir o que se quer. Se a idéia é resolver o problema da fila da balsa, isto é,
possibilitar um transito contínuo e mais rápido para carros, ônibus e caminhões
que segundo informações somam a média de 28000 veículos por dia e que hoje se
utilizam das balsas, então o terceiro projeto não serve. Não irá minimamente
absorver os utentes das balsas. Por isso vamos descartá-lo. Poderá ser executado mas, servirá para
outra finalidade.
O projeto mais antigo cuja execução
prevista é vizinho ao local dos atuais atracadouros das balsa terá sua execução
sobremaneira complicada por falta de espaço. Por ali também irão circular em
carretas todo o material que chegará destinado à construção. O fato de optar
por um acesso à cota 80 através de rampa circular significa percorrer mais de
um quilometro girando em um raio de 75 m. Entretanto trata-se de uma idéia
fantástica.
O túnel seria uma boa solução, afinal já
se fez até um túnel sob o canal da Mancha, entretanto existem alguns motivos
que devem ser bem analisados. Não se trata de contratar uma máquina
perfuratriz como a que fez o túnel sob o Canal da Mancha em substrato seco mas
construir uma base no fundo do canal lamacento para ali assentar partes do
túnel pré fabricados em concreto armado e estanques, uni-los para depois
estabelecer a comunicação entre eles. Vejamos o que publicou a revista Exame
em 2015.
O projeto, por enquanto não saiu do papel
apesar de já estarmos em 2019, Acredito que são três os motivos que estão
impedindo o prosseguimento da obra.
1. O preço completamente aleatório e no
mínimo 700 milhões de dólares!
2. As incertezas durante a obra, inédita
no país. inclusive pela passagem de grandes navios.
3. As desapropriações.
Na realidade essa é uma obra difícil de
orçar. Por isso tanto poderá custar setecentos milhões de dólares como o dobro.
E o tempo de execução é completamente aleatório.
APRESENTO
UMA OUTRA SOLUÇÃO, FACTÍVEL E DE CUSTO COMPATÍVEL COM O RETORNO DO CAPITAL
INVESTIDO.
Acredito que qualquer banco de
investimento possa querer investir em um empreendimento que se pague em menos
do que 10 anos. A ponte abaixo foi construída na cidade de Dubrovnik,
Croácia a um custo de trinta e um milhões de dólares. A ponte tem um total de
500 metros.
FOTO 4 DUBROVNIK CROÁCIA
FOTO 5 GOLFO DE CORINTO, GRÉCIA. ESTAIS "SEGURAM" 300M'.
Conforme já foi dito, uma ponte sobre o
canal navegável por grandes navios terá que ser ou uma ponte pênsil ou ponte estaiada. Por outro lado tanto uma como outra precisaria de algum espaço para
contrabalançar o esforço dos estais ou cabos que sustentam a ponte de ambos os
lados. Ora, do lado de Santos isso não é possível porque está densamente
construído. Então se tivermos um local no Guarujá onde possa ser estabelecida
uma torre com estais, do lado de Santos poderíamos usar vigas protendidas (foto
4) com as modificações necessárias por ser em curva. Essa é a única
dificuldade a ser solucionada porque o restante da técnica é bastante conhecida
pela engenharia brasileira e fácil de orçar.
O acesso à ponte do lado de Santos sairia
próximo onde hoje é a entrada da balsa mais antiga e a rampa construída sobre
colunas para suportar duas pistas de três metros, se tanto, mais uma passagem para
pedestres, conforme a foto 6 abaixo. Essas colunas seriam construídas
sobre a arrebentação, sem invadir o espaço aéreo da avenida ou passeio. E
mais, todo o material e equipamento seria disponibilizado em uma ou mais balsas
atracadas que receberiam o material necessário por via navegável não
atravancando, portanto, as ruas de Santos
FOTO 6
Sem dúvida o suporte de 80 metros do lado
de Santos, também construído fora da avenida seria o problema mais difícil de
resolver, porem não insolúvel. Poder-se-ia ali construir um edifício de 28
andares, com piso de 1000m² comerciais, com condições de suportar as vigas de
interligação com o final da ponte estaiada. Grande parte da ponte será
suportada pelos estais ancorados em Guarujá. Esses mais do que 20.000m² de área
comercial seria um plus para viabilizar o projeto.
FOTO 7
O lado de Guarujá seria bem mais fácil
resolver. Nos fundos do bairro Helena Maria e Santa Rosa, duas ou três ruas a
partir da Av. Caiçaras dariam acesso à estrada a ser construída em área não
povoada, em direção ao morro onde fica o forte da Barra. Por ai seria feita a
rampa de acesso à ponte apoiada por estais. Também aí ficaria o pedágio
com espaço suficiente para não atrapalhar o transito dos bairros caso houvesse
uma paralisação do tráfego.
Custo.
Baseado no custo da ponte feita em
Dubrovnik, em razão também de que toda essas construções tem uma técnica
bastante utilizada no país, isto é, são de pleno conhecimento de nossa
engenharia, cremos que se poderia contar com um custo em torno de TRINTA A
QUARENTA milhões de dólares, isto é VINTE (20) vezes menos do que o orçamento
do túnel. Significa isso que em 10 anos, no máximo, o custo do empreendimento
seria resgatado!
Sérgio Di Petta
fevereiro 2019
Parabéns por tão importante atitude, espero que as autoridades no mínimo avaliem este projeto e o realize o mais breve possível, tamanha necessidade. Grato Sr.Sergio.
ResponderExcluirGostei do seu projeto. Nao ha interesse politico para tal. Ouco falar dessa ponte mais ou menos 70 anos. Queria estar viva para ver esse sonho realizado. Obrigads.
ResponderExcluirMuito bom, sempre quando passo na ponta da praia tenho a impressão de ter visto esse projeto realizado. Tenho 66 anos e creio ainda poder usar esse caminho seco sobre o mar e sobre os navios. Esses governos estão vivendo no tempo da pedra, mas o povo é que tira o leite para sustentá-los.
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