(PUBLICADO NO JORNAL CIDADE DE GUARUJÁ Nº 46)
Do
latim, civitas, cidade é o nome comum
ao ajuntamento humano de maior importância e grandeza. Nos últimos 80 anos a
população brasileira que era, em sua maioria, campesina, deslocou-se para as
cidades à procura de trabalho na indústria e no comércio que prosperavam. Esse
movimento migratório aconteceu principalmente na direção norte-sul quando
populações do nordeste brasileiro, do campo e periferia das vilas e povoados,
procuraram melhores condições de vida nos estados do sul brasileiro.
As cidades que receberam essa emigração
não se prepararam para orientar o crescimento exacerbado de suas populações,
especialmente de baixa renda, e como conseqüência houve a ocupação de áreas sem
vigilância nas quais cresceram enormes favelas. Assim aconteceu no Guarujá.
Quando aqui cheguei, no final da década de sessenta,
demorava-se, às vezes, três ou quatro horas para atravessar a balsa, afinal era
um serviço público e como tal sempre ineficiente por motivos vários. Para
chegar rápido às praias percorria-se, velozmente, a estradinha mal asfaltada,
atual Av. Ademar de Barros, e logo antes de entrar na Av. Leomil avistava-se no
morro em frente, onde hoje existe um viaduto, a favela chamada Morro da Glória.
Por que Glória, não sei.
Pendurados no morro de barro vermelho estavam mais do
que cem barracos, visão poética para alguns, completa falta de estética para
outros. Mais de dez anos depois, durante uma forte chuva, as casas vieram
abaixo. Na época eu trabalhava na SBS, estatal do serviço de água de Santos-Guarujá.
Conversei com o Vitielo, então prefeito. Rafael, disse eu, aproveite para
transferir toda essa gente para outro lugar. Vamos melhorar a entrada da cidade.
Consigo um local perto do Morro dos Macacos.
Eu
havia trabalhado junto à Casa Civil do governador Laudo Natel, nos Campos
Elíseos, após a defecção do Adhemar de Barros. Esbocei num papel um loteamento
com um canal no meio para conduzir as águas provenientes da Nascente dos
Macacos e também das águas das chuvas. A água daquela nascente já era utilizada
como água potável e, portanto, ficava resolvido o problema de distribuição de
água domiciliar. Entreguei o esboço para um arquiteto da Prefeitura que
providenciou a planta. A esposa do Governador chamava-se Zilda Natel, por isso
o local foi batizado como Vila Zilda.
A solução foi adotada para
resolver um problema urgente, entretanto e infelizmente a idéia vingou e o prefeito
eleito em 1978 prosseguiu loteando as áreas anexas à Vila Zilda, assumindo a
missão de prover a demanda por terrenos para a população de baixa renda, encargo
que deveria pertencer à livre iniciativa. O poder público municipal, que mal consegue
atender suas obrigações relativas à saúde,
educação e manutenção da infra-estrutura urbana, não deveria, jamais,
assumir o papel de empresário que sempre desempenhou mal e parcamente. É
lamentável.
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