(PUBLICADO NO JORNAL CIDADE DE GUARUJÁ Nº 47)
O cidadão Breno de Toledo Leite
foi Interventor em Guarujá até a eleição do Prefeito Rafael Vitiello em 1974.
Na época eu chefiava a Secção de Água da SBS e me deparei com um problema. As
casas do município tinham três numerações. Uma delas dada pela empresa de
eletricidade Belsa, outra pela Prefeitura e a terceira pela SBS. Sem dúvida uma
confusão. Falei com o interventor e combinamos uma reunião conjunta a fim de
resolver a questão.
Após alguns encontros (e
desencontros) nada foi resolvido. É evidente que cabe ao poder público
municipal a tarefa de providenciar numeração às casas e esse número deve ser
fornecido ainda antes de ser feita a ligação de água ou de luz. A burocracia e a natural falta de pressa no
atendimento ao cidadão por parte da PMG, naquela época, faziam com que as
companhias de água e luz colocassem seus próprios números, daí originando casas
com três numerações. Tudo muito racional.
Não faltava autoridade ao
Interventor para exigir a solução de um problema tão primário, pois fora
nomeado pela Revolução. Carecia, entretanto, de informações específicas
necessárias para quem exerce o comando de um município. Não basta ser médico,
engenheiro ou advogado para chefiar a empresa chamada Município, com centenas
(e hoje milhares) de funcionários. Forçoso seria que o candidato ao posto de
Alcaide tivesse, obrigatoriamente, um diploma universitário pleno em uma escola
de administração publica. Um comandante não pode ficar inteiramente na mão de
assessores. É lógico que, além disso, o carisma é imprescindível. O Senado da
República nos está devendo essa legislação.
***
Naquela ocasião já se falava em
fazer um loteamento na margem esquerda do Rio do Peixe, logo atrás do loteamento
Pernambuco, afinal, após a travessia daquele pequeno rio, estendiam-se terrenos
arenosos e elevados. Na época eu havia estado em Miami, EUA, em um hotel às
margens de um dos numerosos canais artificiais existentes. Nos terrenos ao
longo do canal eram construídas casas, cada uma delas com seu atracadouro de
onde os barcos saiam e acessavam o mar. Transpus essa idéia maravilhosa para o
Guarujá. Com uma boa dose de imaginação antevi as lanchas e iates entrando pela
foz do Rio do Peixe, propositalmente protegida pela natureza do forte movimento
das ondas, e navegando até os fundos do Jardim Virginia pela calha dragada do
rio com 25 m
de largura. Cheguei a calcular até quantos terrenos poderiam ser feitos e
vendidos de frente para o canal. O empreendimento era tecnicamente viável e
traria como benefício, levar o nível do mar até os fundos do Jardim Virgínia
drenando, efetivamente e para sempre, toda aquela área.
No trajeto percorrido pelo rio
existiam muitos proprietários e a reunião dessa gente somente seria possível
com o concurso da PMG. Falei com o Rafael e, se me não falha a memória, com seu
genro. Na época ainda não existiam os órgãos ambientais que impedem todo e
qualquer empreendimento. Entretanto me disseram que provavelmente a Capitânia
não aprovaria. Sem a necessária receptividade da PMG o projeto morreu na praia.
Pela especial conformação de nossa sociedade,
projetos racionais e necessários dificilmente são executados, felizmente nos
resta a consolação de viajar à Miami, EUA, para desfrutar da civilização do
Gigante do Norte. Segundo comentários de nossa mídia televisiva, 40% dos
imóveis lançados naquela cidade têm sido comprados por Brasileiros. Sabemos o
que é bom, todavia não é viável fazer
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