PUBLICADO NO JORNAL CIDADE DE GUARUJÁ Nº 55)
ROCINHA E VIDIGAL RIO DE JANEIRO
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Vocês
devem ter visto na TV cenas da Rocinha. Vielas, fios pendurados, escadarias
estreitas, desvãos imundos e esgoto correndo onde as crianças brincam. Barracos
escuros aonde a luz do sol jamais entrou, verdadeiros criadouros de doenças e
nesses locais vivem seres humanos, desumanizados. Ali ninguém paga IPTU ou
quaisquer outros impostos e taxas. No entanto aquele povo tem atendimento
sanitário (ainda que precário), as crianças freqüentam escolas e todos desfrutam
da infra-estrutura da cidade. As favelas são doenças urbanas. Somente pessoas
de alma pequena encaram essas feridas urbanas poeticamente. Comunidade é
eufemismo.
Não
tenho idéia de quantos milhões de reais estão sendo gastos nessas operações policiais
para retomada do poder público regular perdido (ou nunca exercido), mas tenho
certeza de que esse dinheiro poderia servir para melhorar o combalido sistema
público de saúde e resgatar da falência nosso ensino. Por outro lado é bom que se saiba que nem
toda a verba orçamentária da cidade do Rio de Janeiro seria suficiente para
urbanizar as favelas ali existentes. É uma tarefa impossível. Entretanto, a
ação da retomada dos morros aos marginais traficantes merece nosso aplauso,
ainda que tenham deixado fugir a maioria dos bandidos.
Combater o efeito e não estudar e tentar
eliminar a causa faz parte da educação latina. Sem dúvida demonstra falta de
racionalidade. A velha história de que a favela tem origem na pós-abolição da
escravatura, na tentativa de justificar a atual situação e remeter a
responsabilidade diretamente à princesa Izabel, é conversa para acadêmicos em
busca de mestrado. A origem pode datar de 1888, mas nesses mais do que cem anos
o Poder Público nada fez para conter a enorme expansão.
É
necessário investigarmos as razões da formação das atuais favelas para sabermos
como combater essa doença. Isso porque essa irregularidade continua a
proliferar em todo o Brasil e não podemos mais explicar que são escravos
libertos os responsáveis pela deformação urbana. Hoje as “comunidades” abrangem
pessoas representantes de todas as raças e credos, unidos pela pobreza. Ainda que muita gente não
goste, temos que caçar as bruxas para refrear o processo de formação dessas
expansões urbanas funestas.
Às
municipalidades incumbe editar as normas para que as cidades possam se
desenvolver de modo harmônico e saudável. Na maioria dos casos as leis existem,
mas a fiscalização é inoperante ou corrupta ou os dois. Em todo o Brasil o
crescimento urbano se dá ao arrepio das leis, sem fiscalização e de maneira
desordenada.
É
bem verdade que, muitas vezes, as leis são elitistas e ininteligíveis, ignorando
a existência de uma população pobre para os quais inexiste a opção de comprar
ou alugar um imóvel decente onde possa viver com sua família.
Pessoas
e famílias miseráveis sempre existirão. Ocorre ainda que a saúde física e
mental, bem como distorções comportamentais, levam percentuais da população à
miséria extrema. A máxima socialista de dar a cada um em conformidade com a sua
necessidade é uma filosofia platônica. Reunidos na pobreza encontramos aqueles
que, sem ter condições, têm muitos filhos; também os doentes; os que não sabem
administrar o pouco que têm; os usuários de drogas; e os que não tiveram
oportunidade. De qualquer forma a obrigação do Estado é orientar essa gente
para que possa trabalhar e viver dignamente. A esmola que o Estado paternalista
distribui desordenadamente alimenta a corrupção, não resolve o problema social,
estabelece injustiça entre aqueles que recebem o beneficio e os que estão fora
do programa e ainda, condiciona os acomodados a viverem sem trabalhar. Lembremos Paulo Apóstolo: Os que não trabalham
não têm direito de comer. Lembremos os chineses. Não dê o peixe, ensine a
pescar.
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