segunda-feira, 29 de outubro de 2012

19. MEIO AMBIENTE (2)


(PUBLICADO NO JORNAL CIDADE DE GUARUJÁ Nº 57)




A foto  nos  mostra o Loteamento  Praia do Pernambuco em 1970. À esquerda e acima se vê uma mata densa  que  corresponde  a quadras entre a  Av. Cruzeiro  do Sul e a  Avenida do  Bosque  as quais não foram desmatadas como aquelas que se vê em grande parte  do loteamento.  Porque será? A aprovação desse parcelamento do solo é anterior a 1965, ano em  que foi  aprovada  a lei 4771 de l965,  ou  seja o Código Florestal vigente até hoje. Como soi acontecer,  quem redige  os códigos nada entende, quem os aprova muito menos. Cabe à fiscalização a difícil tarefa de  interpretar.  O loteador transformado nesse ato em provável criminoso, não sabe o que fazer e a solução é deixar  como  está para  ver  como  fica e assim aqueles lotes foram vendidos com mata e tudo.  Naquela época eu comprei  terrenos  na Rua X e na Rua V, as quais estavam somente demarcadas  pelo  topógrafo.  Não  tinham água  ou  luz  e não  se podia   transitar   com  carro  porque  os  tocos  remanescentes   do   desmatamento    perfurariam   os pneus.  Tive que aterrar  a rua e  pagar a extensão  de luz e água.   maioria dos terrenos dessa gleba do loteamento necessita aterro, o que é normal em nosso litoral, e para aterrar temos que desmatar. Nessa hora  eu  contrato  o  Agripino,  especialista em  derrubar mato  que  me diz:  tenho  que  desmatar  no domingo ou à noite  porque pode aparecer um policia florestal e vai querer  multar.  Mas como!, disse eu, essa M. não é um loteamento? Não temos que retirar o mato para fazer a casa, afinal quem faz casa em árvore é passarinho!
 Essa foi uma luta de alguns anos e enquanto isso acontecia desmataram as áreas de jardins e edifícios públicos sem nenhuma dificuldade onde hoje é a Maré Mansa. Pode?
Quando eu estava no exército durante uma aula sobre hierarquia, o major explicou que ordens irracionais não eram para ser cumpridas. Nada mais justo. E as leis, decretos, portarias irracionais ou completamente imbecis? Se alguém aprova legalmente um loteamento, é evidente que teremos que desmatar ruas e terrenos. Nessa hora aparece o lobo, da fabula O Lobo e o Cordeiro e diz: Você pode desmatar somente no local onde vai construir a casa! Quem ainda afirma isso não entende nada de construção, nada de árvore, nada de nada.  As árvores existentes nos terrenos de nosso litoral secam e caem tão logo o aterro das ruas e de parte dos lotes mudam os percentuais de umidade do local. E podem cair em cima de uma pessoa ou de uma casa e nessa hora o lobo não está presente. O que pode sobrar é somente algum mato sem importância, e mesmo que fosse importante, está nascendo em lugar errado.
Há alguns anos eu solicitei ao DEPRN autorização para desmatar um terreno no Jardim Virginia para aterrá-lo. O documento de autorização dizia que poderia ser eliminada toda a vegetação. Um dia meu camarada, o Manoel, estava cortando um pé de jambolão que atrapalhava a construção do muro. Jambolão no chão aparece um carro da PMG de onde descem o motorista e a autoridade local que, sem delongas grita para o Manoel: - você não sabe que pode ser preso por cortar essa árvore? Eu, que estava nas imediações, mostrei o documento para o cidadão e este me disse de pronto: aqui está escrito vegetação e árvore não é vegetação! O motorista, sem dúvida mais inteligente que o chefe, olhou para ele estupefato.
Quando caiu a ficha, a autoridade me disse: mas o senhor poderia ter pedido à Prefeitura para retirá-lo. Bem, disse eu, esse não tem mais jeito e apontei para um outro ali existente lhe disse: - mas aquele você pode levar. Ele não veio buscar e nunca mais soube do sujeito.

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