sexta-feira, 26 de outubro de 2012

16. CIDADES (9)



(PUBLICADO NO JORNAL CIDADE DE GUARUJÁ Nº 53)


FOTO 1 CONSTRUÇÃO EM 1981/82
FOTO DESTRUIÇÃO 1994


Em 1964 eu era universitário de esquerda, mas nem tanto, uma vez que não tenho direito a indenização milionária e nem pecúlio mensal concedido aos esquerdistas de carteirinha.  É que eu trabalhava, estudava e tinha uma pequena fábrica de ventiladores. Não dava tempo para dormir nem as 8 horas regulamentares, quanto mais dedicar algum tempo para fazer política. Na época comentávamos: o Serra é o homem, vamos votar nele (para a UNE).  O Fernando Henrique é da Católica, como quem diz, é de esquerda, é dos nossos. O Lula está levantando os metalúrgicos no ABC e o Arrais vai armar os camponeses no nordeste. Se , em 1964, o levante de esquerda tivesse resultado vencedor, os militares e civis que hoje estão sendo julgados pela Comissão da Verdade, não estariam mais vivos. Essa é a triste verdade.

Antes e depois da revolução de 1964, entre os jovens, também circulava a idéia de que a única saída para os brasileiros era o aeroporto, isto é, o país estava podre, vamos para outras plagas tentar a vida. Durante todos esses anos, muitos brasileiros foram para outros países. Mais de cem mil para o Japão, talvez um milhão para os EUA e Europa. Uns se deram bem e outros voltaram, mas ainda hoje, neste momento, têm jovens deixando sua pátria.
O Brasil é um país abençoado. O clima, a terra, o mar tudo perfeito, então porque emigrar? Certamente porque os jovens, que aos poucos vão adquirindo a racionalidade, são sensíveis a esculhambação existente em todos órgãos públicos e sabem que isso não poderá gerar boa coisa. Isso ainda acaba mal.
Neste momento estamos convivendo com a novela de mais uma CPI no Senado, enquanto a Suprema Corte procrastina o julgamento de outro escândalo, mais antigo, o do Mensalão, a fim de que todos os magistrados possam ir passar suas merecidas férias em Paris. A pátria pode esperar.
Pelos motivos acima, e mais aqueles que estão abaixo, os jovens que não conseguirem um emprego público, porque não têm quem indique, continuarão tentando embarcar para o Canadá, EUA ou para a China.

Examinem as duas fotos acima. Na foto nº 1 se vê a construção de uma tubulação de drenagem, em 1981/82, no Jardim Virgínia. A foto nº 2 mostra a destruição da mesma. A história é a seguinte: em 1994 alguém reclamou que havia água de chuva acumulada na área do cinturão verde ao lado da Escola Miguel Estéfano.  A galeria que faz a drenagem dessa área estava entupida por falta de manutenção. Ela corre ao longo da antiga Rua 15 do Jardim Virginia.
Na Prefeitura ninguém sabia da existência de tal galeria (!) e adotando uma solução simplista o Poder Público mandou abrir uma valeta na calçada da Rua 29 e quando chegaram na Av. Assis Chateaubriand se depararam com uma tubulação de 040.  Para conectar à valeta feita, simplesmente destruíram os poços de visita, bocas de lobo e uma linha de mais de 100 m de tubos (foto 2). Coisa de doido.  A farra originou muitos caminhões de aterro de terra vermelha, pedaços de guias, tijolos e tubos reduzidos a cacos que foram levados, de fininho, para onde não se sabe.  A valeta na Av. Assis Chateaubriand tornou-se uma lagoa de oxidação de esgoto sanitário. A valetinha da Rua 29 foi se alargando e agora, atrás da escola, serve somente como descarga de esgoto sanitário colocando em perigo, de um lado as crianças da escola e de outro o muro existente.

Na época era comum o roubo de terra das ruas e muros de fechamento de terrenos porque o aterro era e é raro e muito necessário. Caminhões e máquinas da PMG invadiram a área destinada à construção do Cemitério Ecumênico do Guarujá, ao lado da CESP, onde havia dunas de areia. Com farto material de propaganda começaram a fazer terraplenagem do local, pois iriam fazer uma pista de corridas. O resultado foi a retirada de muita areia do local o que facilitou, na seqüencia, o estabelecimento do loteamento clandestino lá existente. Da pista de corrida nunca mais se ouviu falar. Lamentável.

Essa nova técnica de administração pública eu juro que desconhecia. Uma verdadeira loucura. Essas coisas irracionais que acontecem a cada pouco impressionam as mentes de nossos jovens e tem se tornado difícil para nós, pais, convencer nossos filhos a não emigrarem.  É quase impossível convencer os jovens a permanecerem em um país conduzido por pessoas de tão baixos atributos intelectuais. Esses jovens descontentes, os que não transigem, não deveriam abandonar a sua pátria, berço onde repousam seus ancestrais, para gáudio da insaciável corrupção incompetente. Fiquem e lutem para que o país não caminhe em direção a um confronto sangrento. 

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