(PUBLICADO NO JORNAL CIDADE DE GUARUJÁ Nº 58)
A corrupção é tão velha quanto o mundo e
até Cristo foi vitimado por essa deformação do ser humano quando Judas o
denunciou por quarenta moedas. Podemos dividir essa atitude nefanda em
corrupção pública e corrupção privada e o pagamento para obter essa facilidade
acontece em dinheiro ou bens e serviços. Durante a guerra fria os espiões de um
e outro lado da Cortina de Ferro eram muitas vezes corrompidos pelo belo sexo,
que ofereciam seus favores em troca de informações. O mais comum, porém, é o
pagamento ser feito em papel moeda de cor verde.
A corrupção exercida em empresas privadas
tem curta duração. Toda empresa, regra geral, enfrenta intensa concorrência e a
corrupção em seus quadros significa enfraquecimento da competividade, levando a
sua falência. A corrupção realmente significativa é a dos entes públicos que
certamente gerou o mapa da Transparência Internacional acima. É evidente que o
ato de corromper é bidirecional, isto é, não existe corrupto sem a figura do
corruptor e a legislação penaliza igualmente um e outro, o que não é de todo
justo.
Estava eu em Milão em 1990 quando a
Polícia Judiciária Italiana prendeu o diretor do metrô, empresa estatal, sob
alegação de corrupção. Havia recebido propina de uma empreiteira. Aliás, uma
porcaria de dinheiro se comparado com as propinas recebidas nos países sul
americanos ou com os cem milhões que rolou no mensalão brasileiro, objeto de
julgamento pelo Supremo. O juiz italiano, um daqueles denominados “Mãos
Limpas”, perguntou ao funcionário corrupto: - VOCÊ EXIGIU A PROPINA DO
EMPREITEIRO OU ELE LHE OBRIGOU A ACEITAR? O diretor negou de pés juntos que
nada disso havia acontecido, mas como o juiz tinha as provas, chamou um
policial e lhe deu a seguinte ordem:- ponha esse sujeito no cárcere junto com
aqueles dois presos aidéticos. Deixe-o lá até amanhã quem sabe se a memória
dele melhora. Antes de ser executada a ordem a memória voltou. Ele havia
exigido a propina, pois sem ela o contrato da empreiteira não seria renovado
levando o empreiteiro a despedir centenas de funcionários. Agora, digam-me
vocês, entendidos em leis: é justo condenar as duas partes nesse caso? Esse é o
caso que mais acontece em nosso país.
Há muitos e muitos
anos havia no Guarujá, mais precisamente na Rua Mario Ribeiro, casas antigas
feitas de pinho de Riga importadas no tempo do cassino. Nada tinham, a
meu ver, de artísticas para serem preservadas ou tombadas a menos do fato de
terem sido construídas quando a cidade desfrutava de todo o encantamento
patrocinado pelo jogo. Elas estavam sendo demolidas, uma a uma, para a
construção de prédios. Então correu um boato que a Câmara Municipal estava
preparando um projeto para o tombamento das casas. Eu acho que o patrimônio
artístico da nação deve ser preservado, inclusive eu vejo como verdadeiro
absurdo haverem sido demolidas as casas da Av. Paulista, em
São Paulo , para construir aqueles arremedos
de edifícios. Todavia, no caso daquelas casas de madeira, não era essa a minha
opinião. Encontrei, então, um vereador e lhe perguntei sobre a veracidade do
fato e ele me disse: Deixa prá lá Petta, estamos tocando o sino para os
proprietários virem rezar...
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