segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

25. CARTA A UM AMIGO JORNALISTA


Por motivos incertos e não sabidos, mas também por falta de numerário, deixou de circular o hebdomadário “A CIDADE DE GUARUJÁ”, o que é uma pena. Com isso meus textos deixaram de ser publicados. Resta-me a mídia eletrônica onde passarei a publicar, no mínimo uma vez ao mês, textos com assuntos controversos e atuais com ênfase nos fatos lamentáveis ocorridos no loteamento Jardim Virginia, Guarujá, S. Paulo.


Carta a um amigo jornalista.

Os jornalistas em geral são bem informados e acredito que você esteja vendo todos esses escândalos patrocinados pela junção PT/PMDB. Não que aqueles do PSDB sejam honestos, é que não têm tido oportunidade porque alijados do Poder Central.

O jornalismo investigativo é hoje um dos esteios da democracia, como já foi nos tempos da ditadura. O repórter assumiu o papel de promotor da justiça no sentido de mostrar à população os crimes cometidos, obrigando a Polícia e o Ministério Público a tomarem providencia porque, sem esses baluartes da informação, as autoridades permaneceriam inertes na cômoda posição de espectadores das mazelas sociais.

Trama-se nos covis partidários inconseqüentes calar a boca da imprensa. A quem interessa um jornalismo manietado, amordaçado por regulamentos esdrúxulos e antidemocráticos?  Aqueles que desfrutam do poder em seu próprio benefício, sem dúvida, se sentem incomodados em ver seus pecadilhos, os grandes acertos, a concussão desenfreada mostrada nas manchetes dos periódicos e na mídia eletrônica. Afinal, seus amigos, se é que os têm, seus pais e filhos, seus professores e vizinhos, tomarão ciência da maneira despudorada como infringem a ética e a moral convencional e roubam, sem peias, o erário, a propriedade que deveria ser de todos. Não é por vergonha que tramam amordaçar a imprensa, qualidade que nunca tiveram, mas para fugirem à punição e continuar desfrutando das benesses que o poder e o dinheiro lhes podem garantir.

Calar a voz que informa e que esclarece, sempre foi desejo dos políticos. Em 1964, no governo Adhemar de Barros, era usual empregar no serviço público o jornalista que estava incomodando. Um famoso repórter e seu companheiro, todo o fim do mês apareciam no Palácio Campos Elíseos para ver o “Chefe”. Saiam pela porta monumental da Casa Civil e atravessavam a rua em direção à Secretaria do Governo onde iam pegar seus contra cheques. Apesar do aliciamento de jornalistas, nem todos é verdade, naquela época a Revolução cassou o governador por corrupção e, para seu lugar, escolheram outro de igual jaez. “Não tem jeito não.”

Mais importante, entretanto, o que realmente amordaça a mídia, é a dependência econômica. Sem dinheiro a verdade se torna mentira, as engrenagens não rodam, o pecador vira santo. Poucos meios de comunicação são realmente independentes e a política não é, certamente, a arte de engolir sapos, mas a arte de nos fazer degluti-los através da interpretação dos fatos. Hoje qualquer prefeito tem condições de comprar veículos de informação de pequeno porte e o faz sem cerimônia.  Comprar jornalistas empregando-os, todavia, está mais difícil ou quase impossível, porque são muitos. Hoje existem muitas escolas formando jornalistas e milhares de jornalistas sem diploma que, indignados com a forma funesta como é conduzida a administração pública, roubam tempo de seu trabalho para ingressar na nova carreira de jornalismo investigativo ou na de “promotor de justiça independente” como já existe nos EUA.

Acredito que o povo não deseja mais segredos, nem sob a desculpa de que seria para garantir uma provável investigação. Temos que garantir a liberdade total ao Quarto Poder sob pena de nos tornarmos escravos. (Di Petta, 01.12.12)

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