Voltemos às enchentes, assunto
bastante atual neste início de mais uma estação chuvosa, quando as águas
pluviais revoltas salpicaram até o prédio do Senado da República. Todavia nosso
interesse é Guarujá. Na foto nº 1 vemos o canal da Av. Leomil e a galeria da
Av. Artur Costa Filho na Praia das Pitangueiras. Quem conhece o Guarujá há mais
tempo sabe que muitas vezes a Av. Leomil se transformava em um verdadeiro rio,
entrava água nas casas e nas garagens
dos prédios. Aliás, não faz muito tempo isso ocorreu novamente. Todavia não foi
porque a galeria da Rua Antonio de Souza está sub-dimensionada. A inundação foi
originada pelos motivos seguintes: falta de bocas de lobo, ou de leão,
suficientes ao longo da Av. Artur Costa Filho; existencia de grades na saída da galeria junto
à praia e também devido à doença endêmica chamada manutenção inexistente.
O canal da Av. Leomil, paralelo à
praia deve ter surgido porque os magnatas, que tinham mansões de frente ao mar
na época do cassino, não queriam água suja na frente de suas casas. Ao que me consta, naquela ocasião, a
Prefeitura não providenciou um projeto completo de drenagem para o local. O que
existe é uma colcha de retalhos. A coisa sempre foi tão esculhambada que
autorizaram fazer o loteamento Santo Antônio e o Primavera em nível um pouco
mais alto do que a maré máxima, o que inviabiliza qualquer projeto honesto de
drenagem.
Na década de 1950 a cidade de
Santos já havia resolvido seus problemas de drenagem com canais perpendiculares
ao mar, seguindo orientação do eng. Saturnino de Brito. Guarujá, entretanto,
não tinha um projeto de drenagem para a Praia da Enseada. Todo loteador, em
geral orientado pelo orgão “competente” da PMG, fazia seu projeto de disposição
final das águas pluviais como se não existissem terrenos subjacentes; como se
as águas devessem respeitar os limites de cada loteamento. Esse é o motivo pelo
qual temos hoje, também na Praia da Enseada, uma colcha de retalhos que, a
médio prazo, originará numerosos pontos de inundação cuja culpa caberá,
naturalmente, a São Pedro.
A foto nº 2 mostra a Praia da Enseada em torno
de 1954. Alguns especialistas dizem que há 15000 anos o mar batia nos
contrafortes dos morros e, portanto, o morro da Península era uma ilha.
Decorrente do movimento do mar, a linha do jundú foi recuando assumindo a atual
conformação. O denominado Rio do Peixe, segundo a tradição, tinha seu
nascedouro no limite do Jardim Virgínia, no final da rua Acre. Em 1973 eu,
juntamente com o eng. Garcia Occhipinti, medimos a vazão do Rio do Peixe nos
fundos do loteamento Pernambuco para saber se o tal rio suportaria o efluente
de esgotos daquele loteamento. Constatamos que a vazão era insuficiente e o
fluxo de água, naquela oportunidade, estremamente baixo.
Desde sempre as águas pluviais
decorrentes de chuvas intensas na região norte do Jardim Virgínia escoaram
através de dois riachos – o Bonet e o rio das Pitas – diretamente para o mar.
Pequena parcela dessa água escoava vagarosamente pelo Rio do Peixe uma vez que
a vazão permitida por esse rio era irrisória. Da região norte do Jardim Virgínia
até a foz no Perequê são 6 ou 7 km sem diferença de nível que permita uma
velocidade razoavel para o fluxo d’água. Além disso, o canal artificial construído
ao norte do loteamento Acapulco passa por antigas dunas de areia, região com
elevado índice de assoreamento. Entretanto, fazendo um exercício bastante
primitivo de cálculo, suponhamos que tal canal não tivesse a curva de 90°; que
junto à foz não houvessem todos aqueles meandros; que no dia e hora da chuva
intensa não houvesse maré alta; que o coeficiente de rugosidade realmente fosse
correto, isto é, que não houvesse vegetação, pedras, entulhos, lixo na calha do
rio; e que, finalmente, houvesse uma diferença de nível de 2 metros entre os
fundos do Jardim Virgínia e a foz do rio. Considerando somente 6 km a distância
entre o montante e a foz do rio, vem: 2/6000 = 0,000333 m/m! Se a técnica
continua a mesma nestes últimos trinta anos,
a declividade para auto limpeza teria que ser 0,0025m/m.
Estou há
muitos anos aposentado, fora da profissão, cuidando de agricultura. Todavia
seria interessante que alguém calculasse melhor toda essa drenagem para que não estejamos criando mais problemas
para nossos filhos e netos que se aventurarem a residir nessas regiões.
o jardim virgínia é um local que me desperta bastante curiosidade, sou estudante de eng. civil no Mackenzie e tive a curiosidade de analizar o Guarujá que apesar de ser uma cidade linda está incrivelmente mal cuidada e perigosa, ouvi dizer de uma igreja que deveria ter sido contruida no jardim e percebi que a localização do jardim é muito melhor do que de áreas mais valorizadas como o jardim acapulco; que por sinal deveria ter uma entrada alternativa pelo prolongamento da av. D. Pedro I. gostaria de saber mais sobre o plano piloto da região e do que proderá ser feito atualmente quando investimentos vindos do petróleo estão chegando na baixada como a Perimetral, o tunel ate santos (assim esperamos) e um grande shopping center.
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