A humanidade evolui, sem dúvida.
O desenvolvimento tecnológico nos fez chegar à Lua. A ciência da computação
aproximou os homens. Entretanto nossa ética e moral rescende aos primórdios da
civilização grega que, preocupada com a insensatez humana, produziu no século
VII AC o escravo e fabulista Esopo, célebre criador de histórias cujos
argumentos colocados na boca de animais visavam ensinar aos humanos uma melhor
maneira de proceder. Nestes 2700 anos não conseguimos apreender, apesar de
Pedro e La Fontaine terem reeditado, com notáveis melhoramentos, mais de duas
centenas delas.
Reproduzo aqui, por oportuno, o
lobo e o cordeiro, fábula retirada do livro traduzido do original Frances por
Luis Antonio dos Santos, editado em março de 1926.
A razão do mais forte é sempre maior, nós vamos já demonstral-o. Um
cordeiro se desalterava na corrente de uma água pura. Sobreveio um lobo em
jejum, o qual procurava aventura e que a fome attrahia a estes logares.
- Que te faz tão ousado para turbar minha bebida? Disse este animal
cheio de raiva; tu serás castigado por tua temeridade. –Senhor, responde o
cordeiro, vossa Magestade não se domine pela cólera; mas antes considere que eu
me estou desalterando na corrente, a mais de vinte passos para baixo de vós; e
que, por conseguinte, de nenhum modo posso turvar vossa bebida. –Tu a turvas!
Retorquiu este animal cruel; e eu sei que fallaste mal de mim o anno passado.
–Como tel-o-ia eu feito, si eu não era nascido? Retrucou o cordeiro; eu ainda
estou mamando em minha mãe. – Si não és tu, é então teu irmão. – Eu não tenho
nenhum. – Então é algum dos teus; porque vós não me poupais nunca, nem vossos
pastores, nem vossos cães; disseram-m’o. É preciso que me vingue.
Entrementes, o lobo o transporta e em seguida o come, sem outra forma
de processo.
Obs; 1.
Cópia autêntica, idioma da época.
2. Desalterar, galicismo. Matar a
sede.
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