quinta-feira, 8 de agosto de 2013

31. A LENTA EVOLUÇÃO HUMANA



A humanidade evolui, sem dúvida. O desenvolvimento tecnológico nos fez chegar à Lua. A ciência da computação aproximou os homens. Entretanto nossa ética e moral rescende aos primórdios da civilização grega que, preocupada com a insensatez humana, produziu no século VII AC o escravo e fabulista Esopo, célebre criador de histórias cujos argumentos colocados na boca de animais visavam ensinar aos humanos uma melhor maneira de proceder. Nestes 2700 anos não conseguimos apreender, apesar de Pedro e La Fontaine terem reeditado, com notáveis melhoramentos, mais de duas centenas delas.
Reproduzo aqui, por oportuno, o lobo e o cordeiro, fábula retirada do livro traduzido do original Frances por Luis Antonio dos Santos, editado em março de 1926.

A razão do mais forte é sempre maior, nós vamos já demonstral-o. Um cordeiro se desalterava na corrente de uma água pura. Sobreveio um lobo em jejum, o qual procurava aventura e que a fome attrahia a estes logares.
- Que te faz tão ousado para turbar minha bebida? Disse este animal cheio de raiva; tu serás castigado por tua temeridade. –Senhor, responde o cordeiro, vossa Magestade não se domine pela cólera; mas antes considere que eu me estou desalterando na corrente, a mais de vinte passos para baixo de vós; e que, por conseguinte, de nenhum modo posso turvar vossa bebida. –Tu a turvas! Retorquiu este animal cruel; e eu sei que fallaste mal de mim o anno passado. –Como tel-o-ia eu feito, si eu não era nascido? Retrucou o cordeiro; eu ainda estou mamando em minha mãe. – Si não és tu, é então teu irmão. – Eu não tenho nenhum. – Então é algum dos teus; porque vós não me poupais nunca, nem vossos pastores, nem vossos cães; disseram-m’o. É preciso que me vingue.
Entrementes, o lobo o transporta e em seguida o come, sem outra forma de processo.

 Obs;  1. Cópia autêntica, idioma da época.
          2. Desalterar, galicismo. Matar a sede.

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